A Argentina, principal fornecedora mundial de óleo e farinha de soja, aumentou as taxas de exportação desses produtos de 31 para 33%, mas não aumentará os impostos sobre as vendas externas de trigo, soja, milho e óleo de milho, anunciou sábado o Ministério da Agricultura.
O governo argentino ordenou “a suspensão temporária do spread de 2 pontos dos direitos de exportação sobre farelo de soja e azeite. Essa suspensão os trará de volta (de 31%) para 33%”, anunciou o ministro da Agricultura, Julián Domínguez, em entrevista coletiva.
Na segunda-feira passada, a Argentina decidiu suspender temporariamente as exportações de farelo de soja e azeite, em meio à escalada dos preços das commodities no mercado internacional.
O aumento de 31 para 33% devolve os direitos de exportação ao nível anterior a outubro de 2020, quando as empresas exportadoras foram beneficiadas, em meio à pandemia de covid-19.
Essa medida “atinge 11 empresas exportadoras de subprodutos da soja, das quais oito empresas representam 95% do total das exportações”, mas não afeta os produtores, que “já têm 33% de desconto”, especificou o ministro.
Domínguez ratificou a criação de um Fundo Temporário de Estabilização do Trigo, publicado este sábado no Diário Oficial, que será administrado pelo Ministério do Comércio Interno, não no âmbito do Ministério da Agricultura.
O governo busca “estabilizar o preço do trigo nas taxas pré-guerra e dissociar o preço argentino dos preços internacionais”, disse Dominguez, argumentando que o valor do cereal subiu 37% como resultado da guerra na Ucrânia.
Dominguez esclareceu que o governo “não tocará na retenção de milho, trigo, soja e óleo de milho”, considerando que toda vez que esses impostos aumentavam, “a Argentina caiu em sua intenção de plantar”.
As medidas fazem parte da decisão anunciada pelo presidente Alberto Fernández de travar uma forte luta contra a inflação, que ultrapassa 50% nos últimos doze meses, após a aprovação pelo Congresso de um acordo de refinanciamento da dívida com o FMI por cerca de US $45 bilhões.
Segundo Dominguez, o governo tem dois objetivos: “tentar cuidar dos consumidores e não prejudicar os produtores argentinos”, disse.
“Estamos trabalhando para dar ao ganso dos ovos de ouro que é o produtor argentino, a previsibilidade e a confiança que ele exige”, acrescentou.
Nesse contexto, decidiu-se “abrir registros de exportação para um total de oito milhões de toneladas de trigo, que somam dois milhões”, em busca de tornar a safra 2022-2023 um novo recorde, disse ele.
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