Narcoguerra em Zacatacas: mais de 200 famílias foram deslocadas pela violência em Valparaíso

O presidente municipal deste território garantiu que sentiu “frustração” e “desespero” por causa da situação que está passando, embora, graças ao apoio do governo federal, tenha retomado gradualmente as atividades

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A guerra às drogas em Zacatecas não só deixou uma atmosfera de terror, pessoas desaparecidas e executadas no meio da rua, mas também fez com que centenas de famílias deixassem seu local de origem para escapar dessa batalha entre criminosos organizações.

Segundo o prefeito de Valparaíso, Eleuterio Ramos Leal, ele anunciou que, até agora, 200 famílias foram forçadas a deixar suas casas devido aos constantes confrontos que ocorreram no território.

Em entrevista ao B15 Zacatecas, o funcionário disse que as principais comunidades que receberam os deslocados foram a sede municipal de Valparaíso, Fresnillo, Aguascalientes e, quem teve a possibilidade, o United Estados.

Ele também explicou que desde junho de 2021, várias regiões do município, em torno de 17, foram afetadas por esses deslocamentos forçados. Os primeiros a registrar esse problema, disse ele, foram aqueles localizados na fronteira com Nayarit e Durango; mais tarde avançou para a vizinhança com Jalisco, embora hoje o pico esteja localizado na fronteira com os territórios de Jerez e Monte Escobedo.

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Em algumas regiões, as famílias tentaram voltar para suas casas, mas os constantes confrontos as fizeram mudar de ideia (FOTO: ADOLFO VLADIMIR/CUARTOSCURO)

Ramos Leal indicou que as famílias saíram principalmente por dois motivos. O primeiro é por causa dos constantes combates nas proximidades de Valparaíso, mesmo nas próprias ruas. Ele também reconheceu que, como segunda causa e especialmente em pequenas comunidades, os próprios membros desses grupos criminosos batem às portas e pedem que as pessoas abandonem seu patrimônio.

Posteriormente, o prefeito ressaltou que ele levantou suas necessidades durante as mesas de paz organizadas pelo governo federal. Destes, disse ele, obteve respostas do Exército e da Guarda Nacional (GN) para enviar elementos que protejam as comunidades, a fim de retomar as atividades e evitar a interferência de grupos criminosos.

No entanto, ele ressaltou que, apesar das constantes patrulhas, tanto por terra quanto por ar, a rivalidade entre os cartéis não cessa, então o fogo cruzado continuou apesar do apoio.

“Foram anos muito complexos, de grande tensão orçamentária, de grande escassez de recursos. Dentro dessa situação, atendemos às prioridades e, claro, os deslocados foram deslocados nessas semanas”, disse Eleuterio Ramos.

Ele esclareceu que as autoridades municipais, juntamente com organizações a favor dos migrantes, acompanharam pessoas deslocadas com despensas, roupas , medicamentos, cobertores, berços, fogões, churrasqueiras, além de solicitar à população que empreste ou alugue suas casas para receber alguém que saiu de casa.

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O prefeito disse que estava comprometido com a população para reverter essa situação violenta (Foto: REUTERS/Edgar Chávez)

Quando perguntado especificamente sobre o retorno de algumas famílias, o prefeito explicou que na maioria das partes das atividades de Valparaíso retomaram as atividades normais graças à presença do Exército e da NG. No entanto, as comunidades adjacentes a Jerez tentaram retornar, mas novos confrontos os motivaram a sair novamente em busca de segurança.

O político chamou esse fenômeno de deslocamento de “catastrófico” porque as pessoas negligenciam a agricultura e a pecuária, as principais atividades comerciais do município. Além do fato de algumas pessoas terem sofrido saques de suas casas e locais de trabalho devido ao abandono.

Eleuterio Ramos disse que só tem 54 policiais para os três turnos do dia. Ele também ressaltou que não houve vítimas, pois foram instados a ter cuidado em seu trabalho para evitar tragédias, uma vez que não têm condições suficientes para realizar tarefas de segurança como deveriam.

Por fim, reiterou que houve momentos de “frustração” e “desespero” pela situação que vive, embora o compromisso de revertê-la seja maior, por isso disse estar pronto para assumir o cargo para tentar atender aos pedidos da população.

“Eu nunca fiz isso (para ter escoltas) porque então seria necessário ter escoltas para cada um dos valparaisans e não estamos nessa possibilidade. Estou tão exposto quanto qualquer cidadão e, claro, fazendo meu trabalho”, disse.

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