Berlim, 17 de março O secretário da Otan, Jens Stoltenberg, reiterou a solidariedade da Otan com a Ucrânia na quinta-feira em Berlim, embora também tenha dito entender a frustração do presidente Zelensky com a situação e seu desejo de maior apoio ao lidar com o agressor Rússia. “Eu entendo a frustração do presidente Zelenski e dos ucranianos. Vem dia após dia a destruição. É por isso que aumentamos os carregamentos de equipamentos militares. Ontem, concordamos em fortalecer esse apoio”, disse Stoltenberg em uma aparição conjunta com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. Stoltenberg também destacou que o apoio à Ucrânia veio antes, pelo menos desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, quando a OTAN treinou militares ucranianos. Ele mais uma vez condenou a guerra desencadeada pelo presidente Vladimir Putin, que ele disse estar “matando pessoas inocentes e minando a ordem internacional” e observou que a OTAN respondeu com apoio material “ao corajoso exército ucraniano”, acolhendo refugiados e fortalecendo o flanco oriental da aliança, o que contribuiu para evitar que o conflito ultrapassasse as fronteiras da Ucrânia. “Conseguimos evitar uma nova escalada e o conflito não vai além da Ucrânia”, disse. Agora, face à nova situação, a NATO deve adaptar a sua capacidade de defesa e investir mais nela, e disse que, nesta área, a Alemanha está a liderar pelo exemplo, aumentando o seu orçamento militar. O aumento dos gastos, acrescentou, não se destina a “gerar conflito mas a evitá-lo”. Antes de seu encontro com Baecock, Stoltenberg também havia se encontrado com o chanceler, Olaf Scholz, com quem concordou em sua condenação da guerra na Ucrânia e sua vontade de ajudar. Baerbock, que pertence a um partido com uma tradição pacifista como Los Verdes, tem defendido o investimento na defesa por causa da nova situação. “Estamos vivendo em tempos de guerra, morte e destruição em nossa Europa comum. É uma guerra contra nossos valores e nossa liberdade”, disse. “É por isso que o fundo de 100 bilhões para investir em defesa, é por isso que o fortalecimento do flanco oriental da Otan”, acrescentou. O ministro alemão atacou fortemente a forma como Putin está travando a guerra e a forma como o exército russo transformou hospitais e teatros em alvos militares. “Eles estão cada vez mais procurando justificativas para a guerra, mas você só precisa ver o que está acontecendo para ver que é uma guerra contra o povo ucraniano”, disse. Baerbock também mencionou a necessidade de organizar a recepção de pessoas deslocadas e criar um transporte aéreo solidário. Ele também disse que o fardo deve ser compartilhado e destacou a necessidade de apoiar um país como a Moldávia, que, com apenas 2,5 milhões de habitantes e alguma vulnerabilidade econômica, é o país que atualmente recebe mais refugiados da Ucrânia per capita. Scholz já havia responsabilizado Putin não apenas pelos estragos de sua guerra contra a população ucraniana, mas também pelos soldados russos mortos nos combates. “Todos na Rússia devem saber que a guerra de Putin é responsável pela morte de soldados russos na Ucrânia”, disse o líder alemão durante uma aparição com Stoltenberg. Scholz também ratificou sua rejeição a qualquer tipo de intervenção das tropas da Aliança Atlântica na Ucrânia, porque, lembrou, isso significaria tornar a OTAN “parte do conflito”, enquanto o interesse geral é impedir “uma extensão dessa guerra” a outros territórios. Por sua vez, Stoltenberg reiterou que esta é também a política da Aliança e da maioria de seus parceiros. “É nossa responsabilidade evitar uma escalada do conflito, o que seria ainda mais doloroso e causaria ainda mais morte, destruição e sofrimento”, disse. CHEFE RZ/VH