Rússia avisa a Bósnia que, se ingressar na OTAN, Moscou responderá

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Sarajevo, 17 de março O embaixador russo na Bósnia e Herzegovina Igor Kalbukhov alertou que Moscou está reservando uma resposta se o país dos Balcãs decidir aderir à OTAN, que Sarajevo condenou como uma “ameaça clara”. “Se (a Bósnia e Herzegovina) decide se tornar membro de algo, é uma coisa interna. Outra coisa é nossa reação. No exemplo da Ucrânia, mostramos o que esperávamos. Se houver ameaças, reagiremos”, disse Kalbukhov em entrevista na televisão FTV. Segundo o representante russo, é o Ocidente que representa uma ameaça para a Bósnia e está mentindo ao acusar Moscou de querer interferir nos assuntos internos do país. “Não temos planos. Responderemos depois de analisar a situação estratégica e geopolítica”, disse o embaixador, que lembrou que o país está dividido em aderir à Aliança Atlântica. O atual presidente da direção colegiada bósnia, o croata Zeljko Komsic, condenou “com a máxima firmeza” as palavras do diplomata russo. “A mensagem do embaixador russo de que uma reação russa se seguiria, e mostra o exemplo da Ucrânia, contra a qual a Rússia é agressiva, é uma ameaça inequívoca e algo inaceitável para a Bósnia e Herzegovina”, disse Komsic. De acordo com Komsic, as observações do representante russo constituem “não apenas uma ameaça para a Bósnia e Herzegovina, mas também para a paz e a estabilidade dos Balcãs Ocidentais”. A embaixada dos EUA na Bósnia também criticou as observações do diplomata russo como “perigosas, irresponsáveis e inaceitáveis” e salientou que “nenhum país terceiro tem uma palavra a dizer nos acordos de segurança entre a OTAN e os Estados soberanos”. A Bósnia é um país dividido em linhas étnicas e tem uma presidência colegial na qual um croata, um muçulmano e um sérvio estão representados. O complexo desenho administrativo da Bósnia, resultante dos Acordos de Paz de Dayton para acabar com a guerra (1992-1995), complica a tomada de decisões devido à fraqueza das autoridades centrais. A República Sérvia da Bósnia é uma das duas entidades constituintes da Bósnia e Herzegovina, juntamente com a Federação Croata-Muçulmana, dividida em dez cantões. O bloqueio político impediu as reformas necessárias para se aproximar da União Europeia, enquanto as autoridades sérvias da Bósnia disseram que bloquearão qualquer aproximação com a OTAN, algo que os muçulmanos e croatas anseiam. As tensões políticas na Bósnia aumentaram nos últimos meses, particularmente como resultado dos planos secessionistas do líder sérvio bósnio, que é muito próximo da Rússia, Milorad Dodik, que ameaçou retirar-se de instituições multiétnicas como as forças armadas. Em 10 de fevereiro, o parlamento da Entidade Autônoma sérvia da Bósnia aprovou a criação de seu próprio sistema judicial, separado do sistema central, em uma medida inconstitucional como parte do plano separatista de Dodik.

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