O Conselho de Segurança da ONU votará na quinta-feira uma resolução para garantir a futura presença das Nações Unidas no Afeganistão, a menos que a Rússia, que esta semana impediu as negociações, vá para a medida.
O projeto de texto apresentado pela Noruega altera as relações da ONU com Cabul após a chegada ao poder do Talibã, cujo governo não foi reconhecido pela comunidade internacional e aqueles que não nomearam um representante para o órgão mundial.
De acordo com uma fonte diplomática, Moscovo opôs-se na quarta-feira ao esboço de um novo mandato para a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA), observando que falta o “acordo das autoridades de facto”, ou seja, os talibãs.
Moscou apresentou uma obstrução inicial na terça-feira ao afirmar, assim como a China, que os direitos humanos receberam muita ênfase no texto, disse à AFP um diplomata que pediu anonimato. Índia, Brasil e França também pediram modificações.
A proposta foi modificada para incorporar preocupações, mas a Rússia continuou sendo o único país do Conselho de Segurança a se opor a ela.
O texto “não reflete nossa posição”, disse à AFP o embaixador suplente da Rússia, Dmitry Polyanskiy, sem afirmar se seu país o vetaria na votação marcada para as 10:00 (14:00 GMT).
As divisões que existiam antes “foram exacerbadas pela guerra na Ucrânia” e agora afetam muitas outras questões na ONU, disse um embaixador à AFP.
A “divisão” entre o Ocidente e a Rússia “é tal que é difícil chegar a qualquer consenso” no Conselho de Segurança, acrescentou o embaixador.
A proposta norueguesa estenderia o mandato da UNAMA por mais um ano, até 17 de março de 2023.
Pediu assistência humanitária à população afegã, que enfrentou duras condições econômicas e uma complexa situação de segurança que parecia estar no caminho certo para se estabilizar.
O texto convida a UNAMA a buscar o diálogo com as forças políticas, “com vista a promover um governo inclusivo, representativo, participativo e responsivo nos níveis nacional e subnacional, sem discriminação baseada em gênero, religião ou etnia”.
Também deve buscar a plena participação das mulheres na vida do país, apesar do fato de que os talibãs as marginalizaram do governo.
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