Marchas de novembro de 2020: Tribunal de Transparência ordenou que a Polícia entregasse relatórios de inteligência

O pedido vem após o pedido de informações do jornalista Ernesto Cabral. O prazo para envio de documentos é hoje, 17 de março.

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Mais de um ano após os protestos ocorridos em novembro de 2020, contra a presidência da Manuel Merino, do Tribunal de Transparência do Ministério da Justiça e Direitos Humanos (Minjus) respondeu ao pedido de informações do jornalista Ernesto Cabral, e pediu ao Ministério do Interior (Mininter) para entregar os relatórios de inteligência da Polícia. O prazo é hoje, 17 de março.

Por meio de um tópico no Twitter, o jornalista explicou que fez um pedido de informações ao Mininter, onde a Polícia Nacional Peruana (PNP) ) está incluído, para que tenha conhecimento dos relatórios mencionados pelo Ministério Público em sua queixa constitucional contra Merino. Nesse caso, eles recusaram.

“Pela Lei da Transparência, pedi ao (Ministério do Interior) os relatórios de inteligência da DIGIMIN e DIRIN da Polícia, durante as marchas de novembro de 2020. A entidade negou a informação alegando que ela é 'secreta', disse Cabral em um tuíte.

Recorde-se que a denúncia da acusação tem como ponto-chave que Merino não conseguiu” exercer a posição dominante que tinham sobre as forças de controle da polícia pública, o que resultou na morte e ferimentos dos cidadãos que participaram dessas mobilizações”, conforme consta no edital de apoio do caso.

De acordo com o trecho do documento, compartilhado por Cabral, o Ministério Público também defende que Manuel Merino e os outros envolvidos sabiam do “risco de escalada” da violência. Isso porque eles teriam recebido alguns relatórios de inteligência de agências de aplicação da lei, como o PNP. Motivo para isso, ele solicitou as informações — nos termos da Lei da Transparência, que possibilita que os cidadãos solicitem informações de entidades públicas.

Cabral menciona então que, ao receber a resposta negativa do PNP, recorreu ao Tribunal da Transparência, que pertence ao Minjus. “Meu principal argumento é que a Lei diz: 'informações relacionadas à violação dos direitos humanos não devem ser consideradas informações sigilosas'. O Ministério Público investiga a repressão como uma violação dos direitos humanos”, disse.

Dias depois, este tribunal decidiu a seu favor e ordenou que o Ministério Público entregasse os relatórios de inteligência, no prazo de sete dias úteis. Caso contrário, eles receberiam uma reclamação do Ministério Público. O prazo para envio desses documentos é 17 de março.

No entanto, em 16 de março, a Direção Geral de Inteligência do Ministério informou Cabral, observando que seu pedido “poderia abrir um precedente [...] que ameaçaria a natureza das atividades de inteligência” e ele terá que aguardar o parecer da Direção Nacional de Inteligência “para cumprir o ordem do Tribunal”.

QUEIXA CONSTITUCIONAL CONTRA MANUEL MERINO, ANTERO FLORES-ARÁOZ E GASTON RODRIGUEZ

Em 4 de outubro, a Procuradora da Nação, Zoraida Ávalos, apresentou uma queixa constitucional contra Manuel Merino, presidente por cinco dias; o ex-chefe do gabinete ministerial, Ántero Flores-Aráoz, e o ex-ministro do Interior, Gastón Rodríguez, pelas mortes de Inti Sotelo e Bryan Pintado, e os ferimentos de 78 pessoas nas mobilizações de novembro de 2020.

A administração fiscal acusou Merino e seus ex-ministros da suposta comissão, na forma de omissão indevida, dos crimes de homicídio, ferimentos graves e leves como eventual intenção.

A denúncia foi apresentada ao Congresso da República, onde a Procuradoria-Geral da República declarou que Merino, Flores-Aráoz e Rodríguez não conseguiram cumprir seu dever constitucional de proteger a vida e a integridade física dos participantes nas mobilizações acima mencionadas.

Também foi considerado que eles não tomaram medidas para controlar o uso da força policial, o que acabou sendo desproporcional. Essa omissão ocorreu, de acordo com o Ministério Público, apesar das informações oficiais sobre a intensificação dessas ações.

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