A taxa básica de juros no Brasil atingiu seu nível mais alto desde 2017

O Banco Central elevou-o para 11,75 por cento ao ano, em uma tentativa de conter o aumento da inflação, que é de 10,54 por cento ano a ano e ameaça disparar devido aos efeitos da guerra na Ucrânia

FOTO DE ARCHIVO. Un hombre con una mascarilla y una careta espera afuera del Banco Central de Brasil, en Brasilia, Brasil. 2 de septiembre de 2020. REUTERS/Adriano Machado

O banco central do Brasil elevou a taxa básica de juros em um ponto percentual na quarta-feira, para 11,75% ao ano, em uma tentativa de conter o aumento da inflação, que é de 10,54% em relação ao ano anterior e ameaça subir devido aos efeitos da guerra na Ucrânia.

Essa é a taxa mais alta do país nos últimos cinco anos, embora desta vez o Comitê de Política Econômica da emissora brasileira (Copom) tenha decidido mitigar o aumento gradual do custo do dinheiro, que desde outubro levou a aumentos de 1,5 ponto percentual.

De fato, de acordo com as estimativas do Banco Central, após um ano de subidas, as taxas continuarão a subir para conter o aumento dos preços e fecharão 2022 em 12,75% ao ano, mas cairão para 8,75% até o final de 2023, em linha com suas estimativas para a inflação.

De acordo com o comitê, a situação na Europa Oriental aumentou a incerteza sobre o cenário econômico mundial.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e ao aumento da incerteza no cenário econômico global. Em particular, o choque de oferta resultante do conflito pode exacerbar as pressões inflacionárias que já se acumularam nas economias emergentes e avançadas”, disse Copom em comunicado.

Segundo o comitê, as projeções de inflação em 2022 são de 7,1%, bem acima do esperado pelo emissor.

Para este ano, o Banco Central estabeleceu uma meta de inflação de 3,50% com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo, elevando o teto para 5%.

A inflação brasileira subiu de 10,38% per annum em janeiro para 10,54% em fevereiro, quando os preços subiram 1,01% em relação ao mês anterior, o maior aumento neste mês desde 2015.

Um soldado ucraniano monitora uma área próxima a um edifício residencial atingido por um míssil interceptado em Kiev, Ucrânia ( (REUTERS/Thomas Peter)

EFEITOS DA GUERRA

Os resultados de fevereiro e os efeitos da invasão russa da Ucrânia também deixaram um traço de pessimismo no mercado.

De acordo com o último boletim Focus do Banco Central, os aumentos de preços diminuirão para 6,45% este ano, o que está acima da meta de inflação para 2022, então o mercado, como o emissor, está prevendo um aumento da taxa para 12,75% ao ano este ano.

Há um mês, o mercado estimou que o gigante sul-americano fecharia 2022 com inflação de 5,50% e a taxa básica de juros terminaria em 12,25%, mas a alta dos preços dos combustíveis e matérias-primas devido à guerra na Ucrânia poderia desencadear a inflação no Brasil e em todo o mundo.

Na semana passada, após quase dois meses sem ajustar os custos de combustível, a estatal brasileira Petrobras elevou o preço da gasolina em 18,8% e o preço do diesel em 24,9%.

Na semana passada, após quase dois meses sem reajuste do custo do combustível, a estatal brasileira Petrobras aumentou o preço do combustível em 18,8% para a gasolina e 24,9% para o diesel (Reuters/Sergio Moraes/Arquivo)

O impacto já está sendo sentido nos bolsos de milhões de brasileiros que pagam até 8 reais (cerca de 1,6 dólares) por litro de gasolina em algumas regiões do país.

O custo da gasolina em 2021 - que subiu mais de 50% - foi um dos fatores que mais impactaram a inflação do país.

No Brasil, os preços dos hidrocarbonetos variam dependendo do mercado internacional, razão pela qual o COPOM propôs um “cenário alternativo” para a inflação.

“Neste cenário, que é considerado mais provável, a suposição é que o preço do petróleo seguirá aproximadamente a curva do mercado futuro até o final de 2022, terminando o ano em US $100 por barril e aumentando em dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom ficam em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023", disse na nota.

A economia brasileira cresceu 4,6% em 2021, seu maior ganho na última década, e compensou a queda histórica que experimentou em 2020 devido à COVID-19, resultado que não se repetirá em 2022, quando se espera uma forte desaceleração. Os especialistas estimam, portanto, que o PIB do país aumentará ligeiramente em 0,49%.

(Com informações da EFE)

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