Alguns ex-combatentes das FARC exigiram perante o PEC que o Estado reconhecesse o que considera crimes cometidos, durante o conflito, contra guerrilheiros pelas forças militares e agências oficiais de segurança. Essa dupla condição de agressores e vítimas atribuídas a si mesmos foi condenada pelo ministro da Defesa, Diego Molano, que descreveu o pedido como “a morte da insolência”.
O pedido dos ex-combatentes das FARC foi feito por Victoria Sandino, Joaquín Gómez e Benko Biohó, líderes do grupo guerrilheiro antes da entrega das armas, que apresentaram ao PEC um relatório intitulado: 'Crimes de guerra e violações de direitos humanos cometidos pelas forças militares e segurança do Estado agências '.
Horas depois, Funvides, uma fundação que trabalha para a proteção dos direitos dos membros das forças de segurança vítimas do conflito na Colômbia, também apresentou um relatório ao JEP solicitando que um macro caso seja aberto que reconheça crimes de guerra cometidos contra as forças de segurança e deixou mais de 400.000 pessoas afetadas.
Segundo o ministro Molano, entre os crimes cometidos está a instalação de minas antipessoal, condenadas pelo Direito Internacional Humanitário que deixou mais de 6.000 soldados com ferimentos permanentes, conforme detalhado no documento entregue ao PEC Caminhando em direção à paz: “Verdade e Dor”.
O relatório descreve o uso desses explosivos como uma prática sistemática deixada por 12.136 colombianos, entre as Forças Públicas e civis, “que sofreram o horror de um inimigo invisível de minas antipessoal e engenhos explosivos improvisados, usados como método de guerra”, disse o ministro da Defesa.
Após a apresentação deste relatório, que busca que alguns membros do Exército (considerados outro ator armado no conflito) também sejam reconhecidos como vítimas de múltiplos atos que as FARC teriam cometido durante a guerra e que seriam incluídos em um macrocaso; o ministro Molano se referiu ao relatório e declarações entregues pelo que aparece.
“Essa é a morte da insolência. Os autores que dizem ser vítimas, quando o que precisam fazer é reconhecer suas responsabilidades pelos mais de 9 milhões de vítimas na Colômbia; e no caso da Força Pública 403.000 por práticas que usaram contra as instituições”, afirmou o ministro.
O ministro Molano assegurou que o Acordo de Paz que permitiu o retorno à vida civil de mais de 13.000 guerrilheiros “se concentrou nas vítimas, não nos autores. Agora os perpetradores querem bancar as vítimas? Não! O país deve exigir justiça, verdade e reparação para as vítimas, não para os autores”, disse.
Em relação ao relatório, ele disse que aqueles que compareceram antes do PEC devem lembrar que em meio ao conflito usaram armas não convencionais que também, como minas, incluíam nozes, parafusos, vidro e até material fecal, para agravar as feridas e afetar a vida e integridade dos soldados que caiu nesses campos.
Com o relatório apresentado e outros oito previamente submetidos ao tribunal especial, o Governo procura participar nas audiências públicas do PEC, para recomendar a abertura de um macro-caso reconhecendo esses crimes. São práticas de grande relevância no conflito envolvendo pessoas e territórios.
“Não pode ser que os refletores estejam indo para as forças de segurança e não para os verdadeiros perpetradores. Além disso, enquanto grupos armados ilegais minam para tirar e destruir vidas, semeando terror, são nossos militares, soldados da Pátria, que hoje, desminam para proteger a vida e restaurar a esperança”, frisou o ministro.
Os ex-combatentes, por sua vez, sustentam que, embora tenham feito progressos no reconhecimento dos crimes dos outros macro-casos, pelo menos cinco que os incluem como principais determinantes, o Estado e suas organizações permanecem sem tratamento, embora o PEC esteja avançando no caso de mortes ilegítimas apresentado como baixas em combate (falsos positivos) e a vitimização de membros da União Patriótica.
CONTINUE LENDO: