As negociações para acabar com a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia enfrentam “profundas contradições”, embora ainda seja possível chegar a um “compromisso”, disse na terça-feira Mykhailo Podolyak, negociador e conselheiro do presidente ucraniano Volodimir Zelensky.
“Continuaremos amanhã (quarta-feira). É um processo de negociação complicado e extremamente trabalhoso. Existem profundas contradições. Mas, claro, um compromisso é possível”, disse no Twitter.
Podolyak indicou que ambas as delegações estão cientes das grandes diferenças entre elas, mas salientou que há também uma sensação de tentar chegar a um compromisso.
“Há uma oportunidade para chegar a um compromisso”, insistiu Podolyak, que indicou que, embora as negociações sejam retomadas amanhã, os diferentes subgrupos criados para fins específicos continuam a funcionar.
Enquanto isso, o presidente Zelensky reiterou ao parlamento do Canadá na terça-feira seu apelo por uma zona de exclusão aérea em seu país, lembrando o grave número de vítimas civis e convidou as pessoas a perceberem o sofrimento de seu povo.
“Imagine suas cidades bombardeadas e sitiadas”, disse Zelensky em uma intervenção em vídeo ao vivo.
“Eles estão nos fornecendo ajuda militar e humanitária, eles colocaram em prática sanções severas mas, infelizmente, vemos que isso não acaba com a guerra”, disse ele, indicando que a Rússia pretende “aniquilar a Ucrânia”
As negociações procuram alcançar um cessar-fogo que permita o estabelecimento de corredores humanitários precisos e seguros e, a partir daí, a parte mais política relacionada com as questões que levaram à invasão russa da Ucrânia e à guerra, iniciada em 24 de fevereiro passado.
A Rússia exige fundamentalmente que a Ucrânia não seja membro da OTAN; que reconheça a anexação da Crimeia (realizada em 2014) e que aceite a independência das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, localizadas na região de Donbass, no leste da Ucrânia.
Da mesma forma, Moscou exige a neutralidade da Ucrânia e a retirada do país de armas que considera ofensivas e eventualmente perigosas para sua segurança.
A quarta rodada de negociações começou na segunda-feira telematicamente, mas um “recesso técnico” foi necessário para facilitar o “trabalho adicional” dos grupos de subtrabalho e a especificação de certas definições, de acordo com Podoliak, que não forneceu mais detalhes.
As conversações começaram em 28 de fevereiro, poucos dias após o início da ofensiva, mas não houve progresso substancial em nenhuma das sessões. No domingo, verificou-se que as equipes de negociação começaram a perceber certos pontos de contato nas negociações para um cessar-fogo e a suspensão da invasão russa na Ucrânia, embora ainda haja um longo caminho a chegar a posições concretas.
Podoliak havia dito anteriormente que, durante a rodada de negociações, a “retirada imediata” das tropas russas do país e as “garantias de segurança” seriam abordadas.
Além das demandas que transcendiam do lado russo, até agora nenhuma das equipes de negociação queria fazer demandas públicas.
Com informações da AFP, EFE, EuropaPress
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