México deporta traficantes de drogas para os EUA, cuja captura provocou o caos na fronteira

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O líder do Cartel do Nordeste, Juan Gerardo Treviño, foi deportado para os Estados Unidos na terça-feira sob a acusação de tráfico de drogas, informou o governo mexicano, após o caos que levou à sua captura em Nuevo Laredo, na fronteira entre os dois países.

Treviño, vulgo “Ovo”, foi entregue de madrugada às autoridades do país vizinho, por ter dupla nacionalidade mexicana e americana, por isso não foi necessário processar o pedido de extradição que pesava contra ele, disse o presidente Andrés Manuel López Obrador.

A mídia local divulgou imagens do momento em que o chefão fortemente vigiado foi entregue à fronteira entre Baja California, noroeste do México, e Califórnia, Estados Unidos.

A captura de Treviño no domingo desencadeou intensos tiroteios, bloqueios de estradas e queima de veículos em Nuevo Laredo (estado de Tamaulipas), que duraram até o início da segunda-feira. Essa situação obrigou a embaixada dos EUA a fechar seu consulado naquela cidade “até novo aviso”.

A sede diplomática permaneceu fechada na tarde de terça-feira, enquanto os moradores desta cidade expressaram seu medo de sair às ruas.

“Bem, você sai com medo, mas temos que trabalhar. Não há outro caminho”, disse Roberto Aceves à AFP, enquanto aguardava o transporte para uma maquiladora na cidade, com 425 mil habitantes.

A maioria das escolas permanece fechada. Em alguns casos, como a Universidade Tecnológica, eles voltaram às aulas virtuais indefinidamente.

Cerca de 40 instalações civis e militares em Nuevo Laredo foram baleadas durante os tumultos, disse o secretário da Defesa Nacional Luis Cresencio Sandoval em entrevista coletiva na terça-feira.

A briga também causou o fechamento de pontes internacionais na segunda-feira por algumas horas.

“Esta é uma das prisões mais importantes da última década”, disse o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, na segunda-feira.

- Reforço militar -

Sandoval indicou que após a captura, a presença militar foi reforçada com quase 800 tropas armadas e helicópteros.

“Um número maior de elementos militares foram implantados e chegaram a Nuevo Laredo nas últimas horas”, confirmou à AFP um oficial militar destacado nesta cidade.

O Ministro da Defesa disse que nesta área específica “as organizações (criminosas) estão equipadas de forma semelhante” às forças armadas.

Treviño é procurado pelo sistema de justiça dos EUA para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, e no México ele tem alegações de homicídio e terrorismo, de acordo com o secretário de Defesa.

O governo mexicano prosseguiu com sua deportação, pois “não há registro de sua admissão legal no país”, explicou o subsecretário de Segurança, Ricardo Mejia, na mesma entrevista coletiva.

O detido é sobrinho do detido Miguel Ángel Treviño (vulgo “Z-40"), considerado o último líder do Los Zetas, organização que surgiu do Cartel do Golfo (o mais antigo do México), composta por militares desertores e caracterizada por práticas sanguinárias.

Um irmão do Ovo, Juan Francisco Trevino, está cumprindo pena de prisão perpétua nos Estados Unidos.

O México está imerso em uma espiral de violência que deixa cerca de 340.000 mortos - principalmente atribuídos a ações do crime organizado - desde 2006, quando uma ofensiva militar antidrogas foi implantada.

str-jg/axm/dga

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