Preconceito e estigmatização são apenas dois problemas que milhares de ex-combatentes enfrentam diariamente que, após a assinatura do Acordo de Paz em 2016, decidiram voltar à vida civil através dos Programas de Desenvolvimento com Foco Territorial (PDET) e, assim, levar uma vida longe da guerra.
Por esse motivo, e para reduzir a exclusão da qual grande parte da população reinserida é vítima, o documentário 'Scars of the Earth' foi produzido e dirigido pelo cineasta Gustavo Fernández. E é que seu trabalho foi tão importante nas filmagens que, além disso, ele fez a pesquisa que levou ao roteiro feito para esse projeto.
Quatro vozes de ex-combatentes compõem o documentário que busca a reflexão do espectador sobre suas experiências e todo o peso do conflito armado que eles carregam sobre eles. Essas pessoas reinseridas foram localizadas pelo próprio Fernández nos Espaços Territoriais de Treinamento e Reincorporação -ETCR-, onde construíram suas próprias casas sob o apoio da Agência de Reincorporação e Normalização.
Janeth, William, Fabian e David são os quatro protagonistas do documentário; todos eles com uma história difícil que começaram a forjar quando crianças, quando decidiram se juntar às fileiras das extintas FARC por necessidade como resultado da negligência do Estado, por convicção ou por 'jogar guerra'. Tudo também com o objetivo de construir uma família sem esquecer suas raízes farianas.
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Cada depoimento contribuiu espontaneamente para a construção da narrativa e, segundo o diretor, havia vários fatores em comum entre as quatro histórias, e foi a partir disso que o documentário começou a ser girado, mergulhando em suas histórias a ponto de evocar memórias íntimas, correspondendo a suas vidas passadas.
Agora, no que diz respeito à sua realização, 'Scars of the Earth' foi filmado entre 2016 e 2020 em cinco locais diferentes: Icononzo -Tolima-; Macanal -Boyacá-; Puerto Asís -Putumayo-; Neiva e Bogotá. Um trabalho titânico que Fernández fez em conjunto com Guateque Cine e sob o apoio da distribuição do Danta Cine.
Confira o trailer do documentário:
Além disso, o diretor ressalta que o longa de 118 minutos nasceu de forma atípica, pois foi resultado de um ato impulsivo que iniciou negociações entre o governo e as extintas FARC, gerando como efeito imediato o fato de pegar uma câmera de vídeo e se aproximar de vários transeuntes que passaram pelo Parque dos Hippies, buscando conhecer as reações aos diálogos históricos.
Depois de passar a 'tusa eleitoral' após o triunfo do Não no plebiscito de 2016, a lente de sua câmera capturou, um ano depois, a transferência de ex-combatentes para espaços de reincorporação, um sinal de que o Acordo estava dando seus primeiros frutos, até 2017, quando os primeiros assassinatos de líderes sociais e ex-líderes combatentes eram conhecidos como Dimar Torres, que foi morto por homens do exército.
Sua estreia será nesta quinta-feira, 17 de março, e será exibida em pontos específicos em várias cidades do país. Em Bogotá, a Cinemateca Distrital será o palco principal, enquanto em Medellín será lançada no Museu de Arte Moderna. Em Cali, La Tertulia será o palco de sua primeira exibição.
Na cinemateca da capital do país, será lançado às 19h e os ingressos, que podem ser adquiridos no site TuboLeta, custam seis mil pesos.
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